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GORDURAS POLIINSATURADAS: BENEFÍCIOS À SAÚDE.

terça-feira, 14 de agosto de 2012
Os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) são formados por cadeias de hidrocarbonetos contendo duas ou mais duplas ligações. Dependendo da localização da primeira dupla ligação com relação ao terminal metila, são classificados em ω-3 e ω-64. Nas duas últimas décadas, multiplicaram-se os estudos dedicados a investigar o papel cardioprotetor destas séries de ácidos graxos e, mais recentemente, o foco tem sido a análise dos efeitos diferenciais dos ácidos graxos ω-3 sobre desfechos cardiovasculares2.

O ácido linoléico (LA; 18:2), da série ω-6, é o poli-insaturado mais abundante, encontrado em óleos vegetais, castanhas e em produtos feitos a partir de óleos vegetais, como creme vegetal. O ácido linolênico (ALA; 18:3), da série ω-3, é encontrado principalmente na linhaça, soja e em alguns produtos industrializados, como maionese. Ambos são essenciais ao ser humano e podem ser metabolizados até a formação de PUFA de cadeias mais longas. O LA é metabolizado a ácido araquidônico (AA; 20:4), enquanto o ALA pode ser metabolizado a ácido eicosapentaenoico (EPA; 20:5) e docosahexaenoico (DHA; 22:6). De maneira alternativa, o AA pode ser obtido a partir de fontes dietéticas animais, e EPA e DHA podem ser consumidos diretamente a partir da gordura de peixes de águas frias e profundas1,4.
                
O LA melhora o perfil lipídico por diminuir a concentração de colesterol total e LDL-colesterol. Alguns estudos mostraram efeitos deletérios dos ácidos graxos da série ω-6 quando consumidos em grande quantidade, pelo aumento da suscetibilidade das partículas de LDL à oxidação. Tais resultados devem ser analisados com cautela, visto que se sabe, a partir de diversos estudos populacionais, que seu consumo relaciona-se à redução de doença coronariana. Em 2009, a American Heart Association, revendo as evidências sobre ω-6 e risco cardiovascular, reforçou que seu consumo deve ser estimulado3,4.
Quanto à série ω-3, as evidências atuais indicam que EPA e DHA têm alguns efeitos conjuntos, enquanto outros são complementares. Em modelos experimentais, ambos modulam uma variedade de funções e vias biológicas relevantes, tais como a estrutura celular de membranas, a regulação de receptores nucleares e fatores de transcrição e a produção de eicosanóides derivados do ácido araquidônico5.

Em humanos, EPA e DHA diminuem as concentrações plasmáticas de triglicérides e a agregação plaquetária estimulada por colágeno, e parecem afetar o enchimento cardíaco na diástole, a complacência arterial e alguns marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo. A combinação destes efeitos sobre a lipidemia e a função cardíaca contribui para a redução do risco cardiovascular. O DHA também aumenta de forma modesta a proporção de partículas de LDL e HDL maiores, ou seja, menos aterogênicas, embora a relevância clínica deste achado ainda deva ser esclarecida5.

A combinação de EPA+DHA associa-se consistentemente com menor risco de eventos coronarianos fatais. Em contraste, o EPA, porém não o DHA, está relacionado com a redução do risco de desfechos não fatais, como angina instável. Os dados disponíveis ainda são insuficientes para o estabelecimento de recomendações quantitativas acerca de seu consumo individual ou de uma razão de ingestão entre EPA/DHA. O foco em seu consumo combinado ainda é o mais prudente, considerando as evidências da literatura que demonstram os benefícios experimentais, fisiológicos e clínicos do consumo de EPA+DHA provenientes do consumo de peixe ou da suplementação com óleo de peixe5,7.

Assim, em nível individual, é importante considerar a quantidade de ácidos graxos ω-3 a ser consumida diariamente, além da quantidade total de energia, gorduras e ácidos graxos ω-6. A suplementação com PUFA não pode ser feita indiscriminadamente. O esforço científico para elucidar aspectos ainda controversos acerca do consumo de PUFA, como as diferenças entre EPA e DHA, precisa ser intensificado, a fim de estabelecer a melhor recomendação para a promoção da saúde e redução do risco de eventos cardiovasculares6.

Referências:
1) Anderson BM, Ma DW. Are all n-3 polyunsaturated fatty acids created equal? Lipids Health Dis 2009; 8:33.
2) Deckelbaum RJ, Torrejon C. The omega-3 fatty acid nutritional landscape: health benefits and sources. J Nutr 2012; 142(3): 587S-591S.
3) Harris WS, Mozaffarian D, et al. Omega-6 fatty acids and risk for cardiovascular disease: a science advisory from the American Heart Association Nutrition Subcommittee of the Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism; Council on Cardiovascular Nursing; and Council on Epidemiology and Prevention. Circulation 2009; 119(6): 902-907.
4) Lottenberg AMP. Importância da gordura alimentar na prevenção e no controle de distúrbios metabólicos e da doença cardiovascular. Arq Bras Endocrinol Metab 2009; 53(5): 595-607.
5) Mozaffarian D, Wu JH. (n-3) fatty acids and cardiovascular health: are effects of EPA and DHA shared or complementary? J Nutr 2012; 142(3): 614S-625S.
6) Russo GL. Dietary n-6 and n-3 polyunsaturated fatty acids: from biochemistry to clinical implications in cardiovascular prevention. Biochem Pharmacol 2009; 77(6): 937-946.
7) U.S. Department of Agriculture and U.S. Department of Health and Human Services. Dietary Guidelines for Americans,
2010. 7th Edition, Washington, DC: U.S. Government Printing Office, December 2010.

Fonte: Unilever health Institute, Gorduras poli-insaturadas: quais seus diferenciais para a saúde? Estudos buscam elucidar o papel de ácidos graxos ω-3 sobre desfechos cardiovasculares. Acesso em 14/08/2012.

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